sábado, 10 de agosto de 2013

Coniventes

2B, 4B, canetinhas aquarelaveis - ilustra para um projeto da UFPR (por isso está sem assinatura :()

''O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.'' (Albert Einstein) 

  Entre as belas frases da língua de fora mais famosa do planeta, essa sempre me chamou muito a atenção. Venho de uma família Espírita, e uma das crenças dos Kardecistas é que deixar de fazer o bem, já é fazer o mal, ou seja, nossa inércia, nossa preguiça, nossas posições apáticas diante de situações erradas são atitudes ruins. Memórias, falas, conversas, imagens borbulham em minha cabeça nesse exato instante. A verdade é que nos acostumamos com os exemplos errados, com as atitudes mesquinhas, a omissão. Parece que quanto mais corriqueiro algo errado é, mais natural fica a nossa percepção. Quantas vezes deixamos de denunciar alguma atitude errada, ou até menos, apenas falar com alguém sobre algo? Acomodamos ao nada, ao não fazer nada, logo aquilo passa e nada, nada foi feito. Sinto-me corroída ao saber que esses sentimentos são meus conhecidos, e tantas vezes, não aparecem por minha falta de vontade de tomar atitude, muito pelo contrário, florescem ali juntamente com a minha impotência diante de tantas coisas injustas. Pois sim, sabemos quem mente, quem trapaça, quem machuca, quem faz mal, mas o que não sabemos mesmo é o que fazer. Isso machuca. Diariamente me pego policiando minha consciência, ''NÃO ME ACOSTUMAR COM COISAS ERRADAS''. 
   Em um desses devaneios mentais, comumente, caio por terra que algumas situações - ALGUMAS - não se tem o que fazer, estão além do meu alcance, longe de nossas mãos. Mas agora, cá entre nós,  há tantas outras que deixamos passar batido, mais passar do que combatido. E é aí que mora os coniventes. Nós, coniventes, que diariamente vemos coisas irregulares, erradas, injustas e não fazemos nada, ora por medo, ora por preguiça, ou até mesmo, por incluir ''amigos''. E aqui indago mais uma vez e me incluo, até quando vamos nos acostumar com as coisas erradas? Até quando vamos ser meros coniventes? Nossos rostinhos estampados nas milhões de marchas por aí de nada valem se nós mesmos não temos a capacidade de perceber o errado em nosso mundo. E antes de qualquer caráter moralizante, esse texto é um aviso a mim mesma, que não nos percamos no senso comum, na impotência, na conivência. Pois, o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. 

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