quarta-feira, 25 de novembro de 2015

f l u i d e z


    papel a4, aquarela, lápis 2B, 2013.
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não me prenda, não me controle. não pode meus sonhos, pois me alimento disso, de tudo que não é lúcido, de tudo que posso imaginar. me convença da tua loucura, me chame para encher a cara na segunda feira, desbravar caminhos na quarta, se perder por sexta. 
prove da minha inconstância, sinta minha rebeldia e se quiser-me ao teu lado, me deixe livre.
amor é sobre coisas fluidas.
é sobre liberdade.

(pensamentos sem muito nexo escritos em janeiro de 2014 que encontrei hoje em uma agenda super velha)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Aos notívagos


B2, canetinhas, revista, colagem - capa que eu fiz para o meu novo caderno de poesias

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Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa)

(Leminski)

DENTRO DA NOITE
Dentro da noite a vida canta 
E esgarça névoas ao luar... 
Fosco minguante o vale encanta. 
Morreu pecando alguma santa... 
A água não para de chorar. 

Há um amavio esparso no ar... 
Donde virá ternura tanta? 
Paira um sossego singular 
Dentro da noite... 

Sinto o meu violão vibrar 
A alma penada de uma infanta 
Que definhou do mal de amar... 
Ouve... Dir-se-ia uma garganta 
Súplice, triste a soluçar 
Dentro da noite... 
(Manuel Bandeira)


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Bilhete

Pedaço de A4, lápis de cor preto e aquarela podre - fiz escutando a chuva


BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
(Mário Quintana)

Sobre amores leves.
Sobre o tipo de amor que me seduz.

domingo, 22 de setembro de 2013

O lado do coração

2B, caneta bic, lápis de cor e aquarela  - Resposta do Quino para uma jornalista da Folha em 1999


Li isso esses dias. Achei bonitinho. Quino sempre brilhante. 

Folha de S. Paulo - Voce é de esquerda ou direita?
Quino - De que lado bate o coração? 




terça-feira, 17 de setembro de 2013

PRESENÇA

PRESENÇA
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
(Mário Quintana)

domingo, 8 de setembro de 2013

You will

Apenas nanquim, papel A4 e Illustrator - Cena do filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças que resume minha vênus em aquário

- I can't see anything that I don't like about you.
- But you will! But you will. You know, you will think of things. And I'll get bored with you and feel trapped because that's what happens with me.
- Okay.
- Okay. 

domingo, 25 de agosto de 2013

Das negativas

2B,4B, canetinhas aquareláveis e lápis de cor - Machado para um projeto da UFPR


Das negativas

Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro lugar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e direta inspiração do Céu. O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos.
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: 
— Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
 (Machado de Assis - Memórias Postumas de Brás Cubas)